Peça rara foi roubada da casa da artista plástica em 1980 e comprada por um colecionador italiano durante um leilão, em 2014. Após decisão, relógio voltará às mãos de Yoko Ono. Yoko Ono gesticula ao inaugurar exposição sobre John Lennon na Rock & Roll Hall of Fame Annex, em Nova York, EUA, em 2009
REUTERS/Lucas Jackson/Foto de arquivo
A Justiça suíça determinou, nesta quinta-feira (14), que um raro relógio Patek Philippe que Yoko Ono deu a John Lennon pouco antes de seu assassinato, descrito como um dos mais belos do mundo, pertence à artista e viúva do ex-integrante dos Beatles.
A história desse precioso relógio é única e conturbada. Em 9 de outubro de 1980, Yoko Ono presenteou Lennon em seu aniversário de 40 anos com um Patek Philippe de ouro amarelo, modelo 2499, com uma gravação no verso: “(JUST LIKE) STARTING OVER LOVE YOKO 10-9-1980 N.Y.C”.
Este relógio é conhecido como um cronógrafo de calendário perpétuo, ou seja, tem um mecanismo complexo capaz de reconhecer a quantidade de dias de cada mês e quando o ano é bissexto.
Dois meses depois, John foi assassinado a tiros nos Estados Unidos. O relógio foi então guardado em um quarto do apartamento de Yoko Ono, em Manhattan, Nova York, e só quando reapareceu em Genebra, na Suíça, anos depois, ela percebeu que havia desaparecido.
Um tribunal da cidade estabeleceu em 2023 que foi o motorista particular da artista, com quem ela já não trabalhava devido a uma tentativa de extorsão, quem levou o item de luxo.
Após uma série de peripécias, o Patek Philippe chegou a uma casa de leilões alemã, onde um colecionador italiano o comprou em 2014 por 600 mil euros (cerca de R$ 3,66 milhões atuais).
No mesmo ano, ele entregou o relógio a uma casa de leilões em Genebra para obter uma estimativa. Foi essa empresa que entrou em contato com Yoko Ono, dando início a uma batalha judicial entre a viúva de John Lennon e o colecionador, que se considerava o legítimo proprietário.
Um tribunal de primeira instância e, depois, o Tribunal de Justiça do cantão de Genebra decidiram que Yoko Ono é a única proprietária legítima do relógio. O Tribunal Federal confirmou a decisão, de acordo com o pronunciamento publicado nesta quinta-feira (14).
Segundo o mais alto tribunal suíço, como o relógio havia sido roubado, o italiano não poderia adquirir sua propriedade legalmente. A legislação alemã aplicável estabelece que a boa-fé do comprador em relação à origem do objeto é irrelevante, afirmou o tribunal.
Mas onde está o relógio agora? De acordo com a revista online Gotham City, em 2023, ele estava “sob a custódia” do advogado do colecionador, e assim deveria permanecer até que se chegasse a uma decisão definitiva. Portanto, o relógio voltará às mãos de Yoko Ono.
Fonte: G1 Entretenimento